domingo, 18 de outubro de 2009

sábado, 17 de outubro de 2009

VENHAS

TEXTO DE ROSANE OLIVEIRA E PAULO SILVOSKI

Alzheimer


Alzheimer

Imóvel
sobre o leito
inerte
aos apelos da carne
sequer reconhece a dor
nem lágrimas
nem sorrisos
nenhum sentir lhe aflora
apenas o ir e vir
sem "pra onde"
ansiedade lhe devora
os caminhos desconhece
E você quem é?
nenhuma toca é sua óca
tudo
é ainda insuficiente
é o Alzheimer
a destruir o "presente"

na lucidez extinta
apagam-se as luzes
uma a uma
e no virar da madrugada
resta um corpo
de alma ausente
ainda vivo
sem "passado" e sem "presente"

Rosane Oliveira

terça-feira, 13 de outubro de 2009

PENSAMENTANDO


Pensamentos,


não parem!

Desejo,

fique!

A alma,

que se estenda!

As velas,

que não se apaguem!

Da vida,

um segredo!

Do amor,

a nudez.

(Paulo Silvoski)

BEIJO SONHADO


BEIJO SONHADO


Tive saudades

de contigo estar,

na mesma mesa,

no mesmo lugar.

novamete,

teus olhos fitar,

neles me entregar.

Queria ser o brilho

que seu coração

faz fluir.

Aproveitar o

momento perdido,

ter o beijo roubado,

os corpos saciados

sentir-me seu

homem amado.

(Paulo Silvoski)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

SEGREDO



SEGREDO


Por ti me afino,

oh! minha doce amada,

ao som sublime do violino,

a leve musa tocada...



Sinto carícias puras,

em sua pele macia.

Em manhãs futuras,

serão os mais lindos dias.



E com o punhal se crava,

a coragem crio agora.

A lâmina me embriaga,

com o seu perfume de outrora.



E o mundo haverá de ler,

o que me é emoção...

e meu segredo irão saber,

que é só seu, meu coração.



(Paulo Silvoski)

Placebo


Verte nos orifícios
O vazio
Flui junto ao vermelho
Bolhas de "nada"
Trombos de dor abrem passagem
Entre as bolhas naufragadas

Exala
o inodoro

sabor insípido
de um grito mudo
em ecos desconexos

a luz fosca
o céu encoberto
a ausência da lua
comungam desta "pane"

Eis-me aqui
Inerte a vida
Embebida na essência amarga
Do instante
Que me rouba o sorriso!

Rosane Oliveira

domingo, 4 de outubro de 2009

Submergida


Submergida

Embriaguei-me,
De (over)doses de consciência,
Deixei pelo caminho,
Uma mala de inconseqüências,
Engoli a seco a razão,
Amordacei a minha inspiração,
Algemei meu coração!

(Re)virei a minha vida,
Às avessas acordei...
Dolorida pelas lembranças,
Imersa em esperança,
Incorporada de “pé no chão”!

(Re)organizei os cômodos,
(Re) semeei flores,
(Re)escolhi amores,
Curativei!
Colei os cacos,
Expurguei as dores,
Cicatrizei!

Fortalecida...
Horizonte aberto,
Emoção restaurada,
Novos valores,
Novos caminhos,
Limpa,
Nua,
Encontrada de mim!

Rosane Oliveira

Aliviada


no interruptor
o dedo
no ambiente
a penumbra
e o perfume nas narinas
presença
invisível aos olhos
sentida na pele
e no cheiro
o sorriso me saltou
a lágrima aflorou
a tranqüilidade ficou
na noite o cheiro adentrou
adormeci
incorporada

Rosane Oliveira




Sou anônimo,

das noites frias,

de ventos gélidos.

Hóspede sem posse.

Acabado de chegar,

que faz o nome habitável,

na ternura de amar.

Não chego de mãos vazias.

Trago os prazeres do silêncio,

em saber-me ser inocente,

no instante do próprio amor.

E faço meu retorno,

gritando pelo seu nome.

Quero começar tudo de novo,

entregar-me em segredo ...

E sem desvios, em se dizer:

"meu bem, como te amo ..."
(Paulo Silvoski)

Travestida

Não, não sou...
Não sou o que eu queria ser!
Rastejo quando quero voar,
Choro quando quero sorrir,
Naufrago,
E nem tento submergir!

Não estou onde queria estar,
Fico aqui...
Mergulhada nos meus lamentos,
Quando nos teus braços
Eu desejo naufragar.
Viajo nas minhas lembranças
E tudo o que quero,
É beijar, beijar...
E morrer de te amar!

Sorrio entre as lágrimas
Que teimam rolar,
Deixo a saudade me inundar,
Guio-me pelo brilho do teu olhar!

Que covarde sou eu,
Que não luto pelo amor teu?
Aceito passivamente os obstáculos,
As algemas de um amor tirano,
Que se acabou,
Mas ainda me mantém em dormência.

Que covarde eu sou,
Que aceito ser infeliz?
Acumulo cicatriz,
E tudo apago e refaço,
Como se a vida,
Fosse uma lousa escrita em giz!

E o amor que eu sinto não me cabe,
À distância me faz vil,
A dor não expurga nas lágrimas,
E o tempo se esvai...
A saudade me consome,
A insônia se apodera,
Nem percebo a primavera,
E cadê o meu amor?
Meu horizonte é só um fio
Delgado, frágil...quase invisível!
Tal qual a liberdade,
Pela qual não brigo,
E o reflexo que já nem vejo...
Tal qual o amor que escondo em mim,
Junto das sombras
E das flores de jasmim...
Como se ele fosse pecado,
Um caminho desviado,
Sentimento desvairado,
Um fruto inseminado,
E precisasse ser sepultado!

E o conflito aflora,
Verte nos poros,
As lágrimas rolam,
Os sorrisos saltam,
Os olhos brilham,
E eu transbordo amor...
Me afogo em dor,
Me embriago de saudade,
Me privo das vontades,
Me escondo da verdade...

E lá no fundo,
No mais profundo...

Veste “luto” o meu amor!

Rosane Oliveira